Na última aula, 26/04, foi lida uma das postagens dos AVMs passados . Fantástica a relação entre as formas livres e presas e as pessoas
da nossa família! Achei a explicação de línguas isolantes, aglutinantes e
flexionais ainda mais parecida com o que temos ao nosso redor.
Quando Petter[1]
diferencia as línguas de acordo com a predominância das características que apresentam,
temos três tipos de pessoas palavras definidas assim:
- ISOLANTES:
todas as palavras são raízes porque seu significado está expresso em toda a
palavra, e não segmentados em partes menores dentro dela. Exatamente como as
pessoas se definem quando estão apaixonados: a pessoa é tudo DENTRO dela, e a
existência de outras formas pessoas dentro de seu coração é improvável.
- FLEXIONAIS: línguas
que combinam raízes com outros elementos mórficos, e esses últimos não podem
ser separados em informações menores, no modelo de um significado para cada som.
Petter oferecer do Latim como exemplo: na palavra bom-as, o sufixo –as guarda os valores de acusativo
(caso), número (plural) e o gênero (feminino).
- AGLUTINANTES:
os elementos irredutíveis (raízes) são comuns a uma série de palavras, e seus
afixos também apresentam ampla possibilidade de combinações, alterando as
relações gramaticais. São relações quase idealizadas: cada forma apresenta uma
forma e uma função, e o par “um som, um significado” é real.
Da mesma forma
que pessoas não podem ser exclusivamente definidas por uma de suas
características, também as línguas apresentam predominância de uma ou outra
forma, o que não exclui a presença das demais tipologias. Pessoas atravessam
momentos em que estão muito cheias de si, se comportando como raízes. Em outros
momentos, nossos afixos são tudo que temos e só somos completos ao seu lado. A
realidade é que ser gente do tipo isolante deve ser muito ruim, porque legal
mesmo é estar completo mesmo quando mudamos o os elementos ao redor. Essa tal
flexibilidade leva adiante...
Fran Boas e
Sapir, no início do século, desenvolveram estudos críticos a respeito de uma
quarta tipologia, identificada por Humboldt em 1836. Trata-se das línguas polissindéticas ou incorporantes, em que sentenças completas podem ser expressas em uma
palavra, e os morfemas de tipo flexionais e aglutinantes estão presentes
(apresentam raízes combinadas e seus morfemas podem ser analisados no modelo “um
som, um significado”).
Ressalte-se
que, assim como as pessoas, línguas que apresentem palavras grandes nem sempre
são palavras que expressem uma sentença completa. No alemão, por exemplo, as palavras
são longas e têm processo de composição, mas não se confundem com a tipologia
ora apresentada.
No capítulo em
estudo são apresentados outros temas fundamentais da morfologia, que serão
tratados em espaço próprio.
[1] PETTER, M. T. Morfologia. In:
FIORIN, J. L. (org). Introdução à Linguística II: princípios
de análise. São Paulo: Contexto, 2010.