Capa da revista A Semana Em Ana Maria - nº 864, 3 de maio de 2013. |
Então é domingo você descobre que a novela do horário nobre está acabando:
depois de um tempo numa correria infindável,
você vai passear com sua mãe e vê TUDO, absolutamente tudo, comentando o fim
dos personagens. Inocente, mamãe comprou um exemplar desta revista com a Dira
Paes na capa. Para falar do fim da novela, claro.
Passada de olho e, no cantinho esquerdo da página,
“Famosas ensinam a usar a
cor da moda sem erro!”
No último encontro, tratou-se dos conceitos de raiz, radical e afixos. Abordaram-se
os conceitos com exemplos de línguas bem diferentes, e a professora lembrou que
isso é importante, porque os conceitos ficam no automático quando se estuda uma
língua apenas, ou a língua materna do linguísta. Alem disso, os conceitos de
alguns afixos ficariam órfãos de exemplos.
No exemplo retirado da capa de revista, as personalidade dão dicas de
como manter-se alinhada às tendências sem ultrapassar limites postos pelas
próprias tendências. Mas o foco não é a cor ou o famoso que a discute: “famosas”
foi destacado para propor uma discussão. Está nítido o emprego da forma com
sentido de substantivo, e essa é a questão inicial desta postagem.
Os processos de formação das palavras nas línguas seguem processos que,
assim como seus morfemas, não se fala em exclusividade, senão em predominância.
Valter Kehdi propõe definições para os morfemas que formam as palavras segundo
sua relevância na formação do seu significado.
Segundo a Norma Gramatical Brasileira, a palavra é considerada desde seu
ponto de vista fonético (fonemas e sílabas, provida ou não de tonicidade). A
partir desse entendimento, denominam-se os vocábulos. Há, ainda, a importante
definição de Lexia e lexema, tratada na
próxima postagem.
Para o autor em tela, a segmentação das palavras constitui-se em radical
(raiz da palavra) e suas flexões. Enquanto a primeira indica o significado da
palavra, as desinências vão transformá-la segundo sua necessidade. Na capa da
revista, a palavra “famosos” deriva do adjetivo “famoso” e, esse, por sua vez,
do substantivo “fama”; o morfema –s denota plural. Não registrado ainda pela
ABL[1], o
neologismo “famosidade” tem sido utilizado em diversos contextos, denotando o
ambiente em eu pessoas famosas circulam, ou alguns de seus hábitos. No exemplo
removido, como inicialmente exposto, têm-se o vocábulo empregado como
substantivo.
Fama – palavra original;
Famoso – derivado;
Famos-as – adjetivo feminino e plural, derivado do imediatamente anterior
– masculino e singular.
A definição de Kehdi é posta em xeque quando a raiz – significado –
encontra um morfema (flexão) que, combinada com nova flexão, causa uma nova
base da palavra, mas mantém sua raiz. Essa definição é mais aceitável no
contexto do exemplo a seguir:
mar – marinha – marinheiro.
Enquanto “marinha” deriva de “mar”, marinheiro não deriva diretamente
deste vocábulo, é dizer, é necessário juntar um afixo para possibilitar a
criação do terceiro.
[1] Academia
Brasileira de Letras – http://www.academia.org.br/abl/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?sid=23
Boa postagem, Rebeca. Porém aqui deixe mais clara a diferença de concepção de Kehdi e Aronoff e Haspelmath. Em mar>marinha>marinheiro temos a relação entre raiz e radical proposta por Aronoff e Haspelmath. E é a visão destes dois autores que adotamos em nosso curso. Outro ponto: em "A definição de Kehdi é posta em xeque quando a raiz – significado – encontra um morfema (flexão) que, combinada com nova flexão, causa uma nova base da palavra, mas mantém sua raiz", fica melhor você retirar a palavra flexão. Vamos tratar deste tema em sala de aula em breve, ok? E o que são processos morfológicos? Abraços :)
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